Gerenciamento
de riscos
Aldo
Dórea Mattos
Um empreendimento de construção
é, por suas características, um ambiente propício à ocorrência de riscos das
mais variadas espécies. A adoção de premissas no orçamento e no planejamento, a
flutuação de preço dos insumos, a variabilidade das produtividades, a
dependência de terceiros (fornecedores, subempreiteiros, projetistas) e a
disponibilidade de recursos financeiros são apenas alguns dos riscos que o
construtor pode encontrar.
Por esta razão, é necessário que
a empresa faça uma permanente gestão dos riscos, identificando-os em tempo
hábil, avaliando seu grau de severidade e tomando as medidas necessárias para
combatê-los (se os riscos forem negativos) ou aproveitá-los (se forem
positivos).
Mas um risco pode ser positivo?
Sim, pode. Por definição, risco é qualquer evento que possa ocorrer sob
a forma de ameaça ou de oportunidade e que, caso se concretize,
influencia o objetivo do projeto negativamente ou positivamente. Há
muitas outras definições, mas todas elas versam sobre a mesma ideia de
incerteza, eventualidade e impacto (positivo ou negativo) sobre o resultado.
O gerenciamento dos riscos
envolve todo o processo de identificação, análise qualitativa e quantitativa,
plano de resposta e monitoramento dos riscos. O gerenciamento dos riscos, numa
perspectiva empresarial, reveste-se de grande relevância, porque permite à
equipe gestora do empreendimento implementar uma cultura de controle, com
mecanismos de ação eficazes.
Identificação dos riscos
A etapa de identificação dos
riscos se realiza quando a equipe da obra - veja que eu disse equipe em
vez de indivíduo - elenca os diversos eventos que poderão ocorrer,
trazendo impacto sobre alguma dimensão do empreendimento: custo, tempo,
qualidade, escopo.
A melhor maneira de proceder é
através do estabelecimento de categorias de risco. As categorias ajudam
a direcionar o raciocínio na hora de listar os riscos. Para uma obra típica,
mostramos abaixo uma possível lista de riscos (reduzida, com apenas uns
poucos riscos negativos):
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Análise dos riscos
Uma maneira indicada de se
analisar os riscos é através da matriz probabilidade e impacto. Na etapa
de análise, deve-se tomar cada um dos riscos listados e avaliar a probabilidade
de ele ocorrer e o impacto que ele traz ao empreendimento. Somente
avaliando essas duas grandezas é que o gestor pode ter uma noção clara da severidade
de cada risco.
Um risco de grande impacto e
probabilidade baixa, como um terremoto, pode não ser tão relevante para fazer o
gestor tomar providências de peso; já um risco de médio impacto e de
probabilidade alta, como a flutuação de preço de insumos, demanda uma atenção
maior da equipe de gestão da obra.
Para que a atribuição do grau de
impacto não seja arbitrária, recomendamos a adoção de uma escala baseada em critérios
objetivos, como a sugerida abaixo.
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Desta forma, a matriz de probabilidade e impacto
fica sendo a seguinte:
Resposta aos riscos
A priorização derivada da matriz
de probabilidade e impacto serve de norte para a equipe gestora definir as
medidas mais eficientes para lidar com os riscos. Basicamente, pode-se tomar
medida visando a 4 resultados:
a) Eliminar o risco - a
medida faz o risco desaparecer. Ex: pode-se eliminar o risco cambial optando
por utilizar apenas produtos nacionais;
b) Mitigar o risco - a medida atenua o risco, isto é, reduz a probabilidade ou o impacto, tornando-o um risco menor. Ex: intensificar o treinamento das equipes de campo, alugar um gerador de reserva;
c) Transferir o risco - consiste em tornar outra pessoa ou organização responsável pelo risco. Ex: contratar um seguro de responsabilidade civil;
d) Aceitar o risco - consiste em aguardar o evento acontecer para então tomar alguma medida. Ex: não alugar gerador de reserva, deixando para tomar providências quando o problema ocorrer.
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Monitoramento
dos riscos
Como as incertezas são muitas e o cenário da obra é mutável com o passar o tempo e a evolução dos serviços, a lista de riscos deve ser continuamente revista. Novos riscos são incluídos e outros são retirados.
Como as incertezas são muitas e o cenário da obra é mutável com o passar o tempo e a evolução dos serviços, a lista de riscos deve ser continuamente revista. Novos riscos são incluídos e outros são retirados.
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http://blogs.pini.com.br/posts/Engenharia-custos/gerenciamento-de-riscos-371243-1.aspx
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