terça-feira, 14 de junho de 2016

Construção civil e gerenciamento de riscos



Gerenciamento de riscos
Aldo Dórea Mattos 





Um empreendimento de construção é, por suas características, um ambiente propício à ocorrência de riscos das mais variadas espécies. A adoção de premissas no orçamento e no planejamento, a flutuação de preço dos insumos, a variabilidade das produtividades, a dependência de terceiros (fornecedores, subempreiteiros, projetistas) e a disponibilidade de recursos financeiros são apenas alguns dos riscos que o construtor pode encontrar.

Por esta razão, é necessário que a empresa faça uma permanente gestão dos riscos, identificando-os em tempo hábil, avaliando seu grau de severidade e tomando as medidas necessárias para combatê-los (se os riscos forem negativos) ou aproveitá-los (se forem positivos).

Mas um risco pode ser positivo? Sim, pode. Por definição, risco é qualquer evento que possa ocorrer sob a forma de ameaça ou de oportunidade e que, caso se concretize, influencia o objetivo do projeto negativamente ou positivamente. Há muitas outras definições, mas todas elas versam sobre a mesma ideia de incerteza, eventualidade e impacto (positivo ou negativo) sobre o resultado.

O gerenciamento dos riscos envolve todo o processo de identificação, análise qualitativa e quantitativa, plano de resposta e monitoramento dos riscos. O gerenciamento dos riscos, numa perspectiva empresarial, reveste-se de grande relevância, porque permite à equipe gestora do empreendimento implementar uma cultura de controle, com mecanismos de ação eficazes.


 Identificação dos riscos

A etapa de identificação dos riscos se realiza quando a equipe da obra - veja que eu disse equipe em vez de indivíduo - elenca os diversos eventos que poderão ocorrer, trazendo impacto sobre alguma dimensão do empreendimento: custo, tempo, qualidade, escopo.

A melhor maneira de proceder é através do estabelecimento de categorias de risco. As categorias ajudam a direcionar o raciocínio na hora de listar os riscos. Para uma obra típica, mostramos abaixo uma possível lista de riscos (reduzida, com apenas uns poucos riscos negativos):




Análise dos riscos
 
Uma maneira indicada de se analisar os riscos é através da matriz probabilidade e impacto. Na etapa de análise, deve-se tomar cada um dos riscos listados e avaliar a probabilidade de ele ocorrer e o impacto que ele traz ao empreendimento. Somente avaliando essas duas grandezas é que o gestor pode ter uma noção clara da severidade de cada risco.

Um risco de grande impacto e probabilidade baixa, como um terremoto, pode não ser tão relevante para fazer o gestor tomar providências de peso; já um risco de médio impacto e de probabilidade alta, como a flutuação de preço de insumos, demanda uma atenção maior da equipe de gestão da obra.

Para que a atribuição do grau de impacto não seja arbitrária, recomendamos a adoção de uma escala baseada em critérios objetivos, como a sugerida abaixo.


Desta forma, a matriz de probabilidade e impacto fica sendo a seguinte:

 Resposta aos riscos

A priorização derivada da matriz de probabilidade e impacto serve de norte para a equipe gestora definir as medidas mais eficientes para lidar com os riscos. Basicamente, pode-se tomar medida visando a 4 resultados:

a) Eliminar o risco - a medida faz o risco desaparecer. Ex: pode-se eliminar o risco cambial optando por utilizar apenas produtos nacionais;

b) Mitigar o risco - a medida atenua o risco, isto é, reduz a probabilidade ou o impacto, tornando-o um risco menor. Ex: intensificar o treinamento das equipes de campo, alugar um gerador de reserva;

c) Transferir o risco - consiste em tornar outra pessoa ou organização responsável pelo risco. Ex: contratar um seguro de responsabilidade civil;

d) Aceitar o risco - consiste em aguardar o evento acontecer para então tomar alguma medida. Ex: não alugar gerador de reserva, deixando para tomar providências quando o problema ocorrer.


Monitoramento dos riscos
Como as incertezas são muitas e o cenário da obra é mutável com o passar o tempo e a evolução dos serviços, a lista de riscos deve ser continuamente revista. Novos riscos são incluídos e outros são retirados.


 http://blogs.pini.com.br/posts/Engenharia-custos/gerenciamento-de-riscos-371243-1.aspx

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