quinta-feira, 30 de junho de 2016

Obra de arte



Veja os cuidados na instalação de pisos intertravados de concreto
Conheça as características técnicas dos pavers e as diferentes formas de empregá-los
Reportagem: Isis Nóbile Diniz
Edição 66 - Dezembro/2013









 Muitas calçadas, pátios, estacionamentos e áreas externas de condomínios são revestidos com bloquinhos de concreto, os bloquetes. Também são conhecidos como pavers (pronuncia-se "pêivers") ou pavimentos drenantes, porque são assentados diretamente sobre o solo ou areia e podem, assim, deixar infiltrar a água de chuva em vez de jogá-la para os bueiros, galerias e córregos. Isso ajuda muito a evitar alagamentos, porque o solo pode absorver boa parte da água. Esse pavimento também é bom porque podemos retirar os blocos, consertar tubulações enterradas e depois recolocar as peças sem quebra-quebra. 

Os pavimentos de concreto intertravado são compostos de peças pré- -moldadas que não utilizam rejunte e são assentadas diretamente sobre um colchão de areia. Esse sistema facilita a drenagem da água e, portanto, aparece como uma boa opção para a redução de impactos das chuvas, colaborando para a diminuição de superfícies impermeabilizadas e diminuindo o escoamento superficial. Além do cinza, a cor natural do concreto, você pode encontrar bloquetes nas cores terracota, vermelho, cinza-escuro, camurça e amarelo.

Os bloquinhos são vendidos pelas empresas por metro quadrado e estocados sobre paletes de madeira ou cintados. São oferecidos em diversos formatos, cores e modulações, com espessuras que vão de 6 cm a 10 cm, de acordo com a aplicação. As características das peças de concreto intertravado variam de acordo com o tipo de tráfego que o pavimento comportará.

Para tráfego de pedestres, ciclovias ou ruas internas de condomínios, por exemplo, podem ser utilizados blocos com 40 mm e 35 MPa de resistência. Já para uso em vias com tráfego mais intenso e de veículos maiores, são recomendados os blocos de 50 MPa. A resistência do material também muda conforme o tipo de tráfego sobre o pavimento. Todos esses pisos devem atender a uma resistência mínima de compressão de 35 MPa para a circulação de veículos leves e de 50 MPa para veículos pesados.

Os pavers são produzidos para atingir alta resistência à compressão (35 MPa a 50 MPa), igual ou maior que das estruturas dos edifícios. Quando o arquiteto ou engenheiro projeta o piso, ele determina qual o tamanho mais adequado para utilizar, qual a espessura das camadas de sub-base e subleito, justamente para suportar as cargas, não afundar e não quebrar.

Obrigatoriamente, devem-se executar contenções laterais para evitar o deslizamento dos blocos. Ao limpar o piso, deve-se tomar cuidado se for usar máquina de hidrojateamento. O jato muito forte nas juntas entre os blocos pode retirar a areia que serve de rejunte e soltar peças. A realização de reparos e manutenção em pisos intertravados é facilitada, pois as peças podem ser retiradas e recolocadas sem a necessidade de quebras e geração de resíduos sólidos.

NORMAS TÉCNICAS
NBR 15.115:2004 - Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil - Execução de Camadas de Pavimentação - Procedimentos
NBR 12.752:1992 - Execução de Reforço do Subleito de uma Via - Procedimento
NBR 11.798:2012 - Materiais para Base de Solo-Cimento - Requisitos
NBR 11.803:2013 - Materiais para Base ou Sub-Base de Brita Graduada Tratada com Cimento - Requisitos
NBR 11.806:1991 - Materiais para Sub- Base ou Base de Brita Graduada - Especificação
NBR 11.804:1991 - Materiais para Sub- Base ou Base de Pavimentos Estabilizados Granulometricamente - Especificação
NBR 15.953: 2011 - Pavimento Intertravado com Peças de Concreto - Execução
NBR 9.781: 2013 - Peças de Concreto para Pavimentação - Especificação e Métodos de Ensaio
NBR 12.307: 1991 - Regularização do Subleito - Procedimento

CHECKLIST
- Busque fornecedores certificados e que atendam às normas técnicas
- Caso a empresa não tenha certificação, realize ensaios para testar as características do material
- Negocie com o fabricante a entrega em paletes plastificados, pois isso agiliza a descarga e evita choques mecânicos
- Se necessário, armazene as peças em local plano, seco e próximo ao local de uso
- É recomendável conciliar o ritmo de recebimento do material com a velocidade de assentamento, evitando deixar as peças paletizadas por muito tempo
- Antes do assentamento, verifique se as peças já atingiram no mínimo 80% da resistência especificada, pois embora a idade de referência para controle da resistência seja de 28 dias, as peças normalmente são entregues quatro ou cinco dias após sua produção
- Na hora da execução, fique atento às recomendações do projeto e às orientações da NBR 15.953
Fontes: Equipe de Obra nº 18, Equipe de Obra nº 45 e Construção Mercado nº 144.






terça-feira, 14 de junho de 2016

Construção civil e gerenciamento de riscos



Gerenciamento de riscos
Aldo Dórea Mattos 





Um empreendimento de construção é, por suas características, um ambiente propício à ocorrência de riscos das mais variadas espécies. A adoção de premissas no orçamento e no planejamento, a flutuação de preço dos insumos, a variabilidade das produtividades, a dependência de terceiros (fornecedores, subempreiteiros, projetistas) e a disponibilidade de recursos financeiros são apenas alguns dos riscos que o construtor pode encontrar.

Por esta razão, é necessário que a empresa faça uma permanente gestão dos riscos, identificando-os em tempo hábil, avaliando seu grau de severidade e tomando as medidas necessárias para combatê-los (se os riscos forem negativos) ou aproveitá-los (se forem positivos).

Mas um risco pode ser positivo? Sim, pode. Por definição, risco é qualquer evento que possa ocorrer sob a forma de ameaça ou de oportunidade e que, caso se concretize, influencia o objetivo do projeto negativamente ou positivamente. Há muitas outras definições, mas todas elas versam sobre a mesma ideia de incerteza, eventualidade e impacto (positivo ou negativo) sobre o resultado.

O gerenciamento dos riscos envolve todo o processo de identificação, análise qualitativa e quantitativa, plano de resposta e monitoramento dos riscos. O gerenciamento dos riscos, numa perspectiva empresarial, reveste-se de grande relevância, porque permite à equipe gestora do empreendimento implementar uma cultura de controle, com mecanismos de ação eficazes.


 Identificação dos riscos

A etapa de identificação dos riscos se realiza quando a equipe da obra - veja que eu disse equipe em vez de indivíduo - elenca os diversos eventos que poderão ocorrer, trazendo impacto sobre alguma dimensão do empreendimento: custo, tempo, qualidade, escopo.

A melhor maneira de proceder é através do estabelecimento de categorias de risco. As categorias ajudam a direcionar o raciocínio na hora de listar os riscos. Para uma obra típica, mostramos abaixo uma possível lista de riscos (reduzida, com apenas uns poucos riscos negativos):




Análise dos riscos
 
Uma maneira indicada de se analisar os riscos é através da matriz probabilidade e impacto. Na etapa de análise, deve-se tomar cada um dos riscos listados e avaliar a probabilidade de ele ocorrer e o impacto que ele traz ao empreendimento. Somente avaliando essas duas grandezas é que o gestor pode ter uma noção clara da severidade de cada risco.

Um risco de grande impacto e probabilidade baixa, como um terremoto, pode não ser tão relevante para fazer o gestor tomar providências de peso; já um risco de médio impacto e de probabilidade alta, como a flutuação de preço de insumos, demanda uma atenção maior da equipe de gestão da obra.

Para que a atribuição do grau de impacto não seja arbitrária, recomendamos a adoção de uma escala baseada em critérios objetivos, como a sugerida abaixo.


Desta forma, a matriz de probabilidade e impacto fica sendo a seguinte:

 Resposta aos riscos

A priorização derivada da matriz de probabilidade e impacto serve de norte para a equipe gestora definir as medidas mais eficientes para lidar com os riscos. Basicamente, pode-se tomar medida visando a 4 resultados:

a) Eliminar o risco - a medida faz o risco desaparecer. Ex: pode-se eliminar o risco cambial optando por utilizar apenas produtos nacionais;

b) Mitigar o risco - a medida atenua o risco, isto é, reduz a probabilidade ou o impacto, tornando-o um risco menor. Ex: intensificar o treinamento das equipes de campo, alugar um gerador de reserva;

c) Transferir o risco - consiste em tornar outra pessoa ou organização responsável pelo risco. Ex: contratar um seguro de responsabilidade civil;

d) Aceitar o risco - consiste em aguardar o evento acontecer para então tomar alguma medida. Ex: não alugar gerador de reserva, deixando para tomar providências quando o problema ocorrer.


Monitoramento dos riscos
Como as incertezas são muitas e o cenário da obra é mutável com o passar o tempo e a evolução dos serviços, a lista de riscos deve ser continuamente revista. Novos riscos são incluídos e outros são retirados.


 http://blogs.pini.com.br/posts/Engenharia-custos/gerenciamento-de-riscos-371243-1.aspx
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