Nova legislação permite que imóveis forneçam
energia elétrica às distribuidoras e ganhem descontos na conta de luz
Por
Renato Faria e Juliana Martins
Edição 198 - Setembro/2013
Projeto modelo desenvolvido pelo Centro de Pesquisas
de Energia Elétrica da Eletrobras reúne tecnologias de geração de energia
residencial limpa, como painéis fotovoltaicos, aerogeradores e aquecedores
solares de água
Apesar do
grande apelo ecológico, os sistemas de produção de energia eólica e
fotovoltaica sempre tiveram demanda inexpressiva no segmento residencial
brasileiro. Seu uso normalmente se restringia a algumas casas mais distantes do
tecido urbano e sem acesso à rede pública. Esse cenário, porém, poderá mudar
nos próximos anos, com estímulo dado pelo marco regulatório estabelecido em
2012 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A nova regulamentação
transforma a rede de distribuição de eletricidade - até então uma via de mão
única - em um sistema bidirecional, que permite a troca de energia entre a
concessionária e o usuário.
Fabricantes já disponibilizam elevadores mais
eficientes e com drive regenerativo, que produz uma pequena quantidade de
energia elétrica quando o equipamento se movimenta a favor da força
gravitacional, descendo cheio ou subindo vazio
Na
prática, isso cria um mercado potencial também nas grandes cidades,
viabilizando técnica e economicamente as casas de balanço energético zero (Zero
Net Energy, na sigla em inglês), cuja produção de energia é igual ou maior do
que seu consumo. Agora, os pequenos proprietários que desejarem produzir
eletricidade em sua própria residência poderão 'vender' o excedente às
concessionárias e recuperar, no longo prazo, o alto investimento feito nos
equipamentos. Políticas semelhantes já vêm sendo implantadas em países como
Estados Unidos, Alemanha, Chile, Equador, África do Sul e Austrália.
A
Resolução no 482/2012 da Aneel criou a figura dos microgeradores e dos
minigeradores de energia. No primeiro grupo, estão as unidades com menor
potência instalada, de até 100 kW, caso da maioria das residências, condomínios
e edificações comerciais. Os minigeradores são as unidades com potência
instalada maior, de até 1 MW, representadas por estabelecimentos públicos ou
privados de grande porte. A regulamentação vale para tecnologias de geração de
eletricidade que utilizem como fonte energia hidráulica, solar, eólica,
biomassa ou cogeração qualificada (como, por exemplo, a produção de calor e
eletricidade a partir da queima de um mesmo combustível).
Sistemas
Conectados à Rede
Um sistema
fotovoltaico conectado à rede, em inglês on-grid ou grid-tie, é um gerador
de eletricidade que tem como combustível a energia solar, e que trabalha em
conjunto com a rede elétrica da distribuidora de energia.
O painel
fotovoltaico gera eletricidade em corrente contínua, e o inversor de frequência
(aparelho que faz a interface entre os painéis fotovoltaicos e a rede elétrica)
converte em corrente alternada e 'injeta' na rede elétrica. Antes de 'injetar'
a energia, o inversor 'lê' os valores
de voltagem e freqüência da rede, para que não haja nenhuma 'modificação' na
energia.
Quando os
aparelhos eletroeletrônicos estão consumindo, e o sistema fotovoltaico está
gerando energia, toda a energia gerada é aproveitada pelo consumidor seja uma
residência, comércio, indústria & entidades públicas.
Quando os
aparelhos eletroeletrônicos estão consumindo mais do que o sistema fotovoltaico
está gerando no momento, a parte que falta é 'puxada' da rede elétrica.
Quando o
sistema fotovoltaico está gerando mais potência do que está sendo consumida, a
energia excedente 'automaticamente' sai pela rede. Nesse momento, o medidor de
energia 'gira ao contrário' e o cliente têm um crédito energético aplicado a
sua conta para ser consumido em até 36 meses.
Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede Residencial
& Comercial
Existe
hoje no Brasil a regulamentação por parte ANEEL que permite o pleno
funcionamento do sistema fotovoltaico conectado à rede assim como o sistema de
compensação energético, habilitando o consumidor de energia elétrica das
distribuidoras a produzirem sua própria energia e pagar apenas uma taxa mínima
em sua conta de luz referente a acessibilidade a rede de distribuição
elétrica.
O sistema
fotovoltaico conectado à rede é totalmente dependente da rede elétrica e
não funciona se não houver eletricidade. Isso é para evitar que o sistema
provoque acidente caso a concessionárias de energia elétrica estejam
fazendo manutenção na rede. Quando a energia da distribuidora é desligada
(queda de energia) o inversor de frequência para de injetar eletricidade,
e só volta a injetar alguns minutos depois da energia voltar.