Crise econômica brasileira também já atinge empresas
de arquitetura e engenharia consultiva, diz Sinaenco
Para a entidade, contratação de
projetos é alternativa para a melhoria dos negócios
Kelly Amorim, do Portal PINIweb
21/Maio/2015
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A crise econômica
que afeta o Brasil de forma mais aprofundada neste primeiro trimestre de 2015
está causando forte impacto nas empresas brasileiras de arquitetura e de
engenharia consultiva, como a paralisação quase total das contratações de projetos
e serviços especializados pelos órgãos governamentais e com a suspensão de
contratos e dos pagamentos relativos a obras que estavam em andamento, de
acordo com o Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco).
Segundo a entidade,
o setor já fechou mais de 20 mil postos de trabalho entre o final de 2014 e o
primeiro trimestre deste ano, e em 80% das empresas pesquisadas houve diminuição
no número de funcionários em abril deste ano. "A crise econômica que
estamos vivendo é comparável às piores das chamadas 'décadas perdidas', as de
1980 e 1990. As empresas estão sendo obrigados a demitir quadros técnicos altamente
especializados, que demoram anos para ser formados, cortando assim parte da
inteligência altamente estratégica para o País", afirmou o presidente do
Sinaenco, José Roberto Bernasconi.
Para ele, devido ao
fato de o setor ser empregador intensivo de mão de obra altamente especializada,
essa é uma situação bastante negativa para o futuro das empresas e do País.
"Nossos profissionais, boa parte deles com mestrado, doutorado e até
pós-doutorado, são principalmente arquitetos e engenheiros especializados no desenvolvimento
de projetos de infraestrutura e, também, de outros serviços que exigem elevada
especialização, como as de gerenciamento e fiscalização de obras, de geotecnia
e estudos de impactos ambientais, entre outros", disse.
Já para o
vice-presidente do Sinaenco, engenheiro Claudemiro dos Santos Júnior, a
situação das empresas do setor é "bastante crítica", agravada pelo
fato de que a maior parte dos contratos das firmas de tem cláusulas de reajuste
definidas pela Coluna 39 da planilha da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que
corrige os contratos com percentuais que variam entre 50% a 60% do INPC.
"Esse
descompasso entre o percentual de reajuste dos contratos pela coluna 39 da FGV,
que totalizou cerca de 4% nos últimos 12 meses, e os que incidem sobre os
principais custos das empresas, entre os quais cerca de 80% em média são
relativos ao pagamento de salários e encargos, leva a um impasse. Não é
possível corrigir os contratos com um índice que é 50% inferior ao que reajusta
os salários, responsáveis pela principal despesa das empresas do setor",
explicou.
O Sinaenco aponta
como alternativa para a crise a concentração na contratação de projetos. Em
nota, a entidade afirmou que, "como os projetos de arquitetura e de
engenharia representam o menor percentual no custo global de uma obra pública,
o governo federal poderia aproveitar este momento de crise econômica e de
ajuste fiscal para contratar os projetos necessários à infraestrutura
brasileira, que, assim, poderiam ser desenvolvidos com o prazo adequado à sua
elaboração de forma completa, oferecendo a garantia de empreendimentos
construídos com qualidade, no prazo e ao custo estipulados".