Geração fotovoltaica de energia tem o menor
custo.
A microgeração fotovoltaica de energia elétrica por
meio de painéis solares é uma alternativa de menor custo do que a aquisição de
energia no mercado convencional, como mostra uma pesquisa do Instituto de
Energia e Ambiente (IEE) da USP.
O
trabalho do pesquisador Rennyo Nakabayashi aponta que a legislação permite que
o consumidor, além de fazer a geração para consumo próprio, exporte os
excedentes para a rede elétrica, gerando créditos em energia.
De
acordo com o estudo, a microgeração fotovoltaica também é favorecida pela
constante redução de preço dos equipamentos fotovoltaicos e a tendência de
aumento das tarifas de energia elétrica.
“A
geração de energia por meio de células fotovoltaicas ocorre quando há exposição
de um material semicondutor dopado, geralmente silício, à radiação solar,
ocasionando deslocamento de elétrons e, portanto, corrente elétrica”, descreve
Nakabayashi.
“Os
sistemas fotovoltaicos conectados à rede são formados por conjuntos de painéis
fotovoltaicos associados a inversores, os quais realizam a conversão de
corrente contínua para corrente alternada”.
Atualmente,
a matriz elétrica brasileira é hidráulica com complementação térmica, mas
devido à crise instalada no setor, motivada pelo baixo nível dos reservatórios,
as usinas térmicas estão plenamente acionadas. “Os sistemas fotovoltaicos
utilizam a radiação solar como insumo, um recurso abundante no Brasil e não
poluente”, ressalta o pesquisador. “Além disso, no âmbito da micro e
minigeração fotovoltaica, há a vantagem de se gerar a energia elétrica nos
centros de consumo, aliviando a carga nos sistemas de transporte de energia e,
com isso, reduzindo as perdas no sistema elétrico”.
As
usinas térmicas, previstas para operar em regime complementar, operam na base
da geração e o custo da energia gerada por algumas delas pode ultrapassar R$
1.000,00 por Megawatthora (MWh), enquanto o custo da energia fotovoltaica, na
micro e minigeração, pode chegar a R$ 400,00 por MWh em algumas cidades. “Para
usinas fotovoltaicas de grande porte o preço da energia é ainda mais barato”,
diz Nakabayashi. “O preço médio de venda da energia fotovoltaica no Leilão de
Energia de Reserva (LER) de 2014, foi R$ 215,12/MWh, variando de R$ 200,82 a
220,80/MWh, uma média de deságio de 17,9% em relação ao preço-teto de R$
262,00”. O LER é realizado pelo Ministério das Minas e Energia, por meio da
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e da Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), para contratação de projetos alternativos de geração de
energia visando o fornecimento para os consumidores brasileiros.
Produtor-consumidor
A
Resolução Normativa da ANEEL 482/2012 possibilita que o fluxo de energia deixe
de ser unidirecional (concessionária-consumidor) e passe a ser bidirecional. “O
consumidor passa a ter a opção de gerar energia para consumo próprio ou para
exportar para a rede elétrica e gerar créditos em energia para serem consumidos
em um período de até 36 meses. Neste contexto surge a figura do “prosumidor”,
isto é, o produtor-consumidor”, afirma o pesquisador. “Segundo a mesma resolução,
a microgeração distribuída é feita a partir de centrais geradoras que utilizem
fontes com base em energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração
qualificada tenham a potência limitada pelo valor de 100 quilowatts (kW). A
minigeração é definida pela potência superior a 100 kW e inferior a 1 Megawatt
(MW)”.
Até
o final de 2014, por conta da redução das tarifas forçada pela Lei 12.783
(oriunda da MP579/2012), a micro e minigeração não vinham se mostrando
financeiramente atrativas. “Entretanto, este cenário está mudando. Em dezembro
de 2014 a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) publicou na Nota Técnica DEA
26/14 uma projeção de 664 MWp instalados de geração distribuída fotovoltaica de
pequeno porte em 2023, 166 vezes a capacidade instalada que temos hoje”,
relata. “Pode-se dizer que o estudo da EPE foi conservador, pois se assume como
premissa uma evolução das tarifas em linha com a inflação [manutenção em termos
reais], o que não é o que aconteceu no Brasil, historicamente”.
No
período de 1995 a 2013, as tarifas evoluíram, em média, a uma taxa acima de 9%
ao ano, enquanto o IPCA evolui aproximadamente 6,5% ao ano. “Vale lembrar que o
reajuste médio das tarifas residenciais de energia elétrica ficou acima de 20%
em 2014 e, em 2015, os reajustes serão acima de 30%, caso a situação do setor
não melhore. Portanto, é provável que em 2023 a penetração da microgeração seja
ainda maior do que a apontada pela EPE”, destaca o pesquisador. “Na pesquisa,
caso as tarifas tenham um reajuste anual médio pouco acima de 9% ao longo do
horizonte de análise, a microgeração seria economicamente viável para as 27
capitais do Brasil, isso sem considerar os reajustes de 2015”.
Segundo
o Banco de Informações de Geração (BIG) da ANEEL, o Brasil possui 134 Gigawatt
(GW) de potência instalada para a geração de energia elétrica, sendo que a
micro e minigeração fotovoltaica, equivale a menos de 0,003% do total. “Por
conta de diversos fatores, o Brasil ficou defasado em relação aos países
europeus e, atualmente, não existe uma indústria fotovoltaica plenamente
consolidada no país, pois até então a demanda não justificava a presença
massiva de investidores e da indústria nesta área”, afirma Nakabayashi.
“Entretanto, no LER 2014 (fotovoltaico) foram cadastrados 400 projetos, somando
10.790 MW de potência instalada. Foram contratados 202,1 MWmed, totalizando uma
potência (CC) de 1.048,2 MWp, o que demonstra um grande interesse dos agentes.
O contexto é favorável para que a energia solar fotovoltaica decole”.
Por Júlio Bernardes | Agência USP